Brasil
e Argentina fizeram, nesta quarta-feira, durante 75 minutos, um dos
piores clássicos da história. Depois, foram três gols em pouco tempo e
vitória argentina por 2 a 1 na Bombonera levando a decisão do
Superclássico das Américas para os pênaltis, uma vez que foi repetido o
placar de Goiânia. Montillo e Martínez erraram e, como só Carlinhos
desperdiçou para o time verde-amarelo, o título acabou ficando com o
Brasil, por 4 a 3. Neymar, que errara a cobrança contra a Colômbia,
quarta-feira passada, converteu o pênalti decisivo em Buenos Aires.
Foram 75 minutos de um futebol que não chegava aos pés da tradição de
Argentina e Brasil. Até que Mano Menezes inventou o volante Jean na
lateral-direita. O jogador do Fluminense desarmou Martínez fora da área e
o árbitro viu um pênalti inexistente. No minuto seguinte, Jean errou um
chute, a bola chegou até Fred, que também errou, mas mesmo assim
conseguiu empatar.
A Argentina estava mais disposta e chegou ao gol da vitória no tempo
normal aos 45 minutos, quando Scocco, substituto do apagadíssimo
palmeirense Barcos, fez o segundo dele na partida.
O JOGO - Jogando pelo empate, Mano Menezes escolheu fechar o time.
Começou com três volantes (Paulinho, Arouca e Ralf) e na armação apenas
Thiago Neves, que uma semana atrás era ponta-direita na seleção.
Convocados sempre, Jefferson e Leandro Damião ficaram no banco para que o
treinador atendesse à opinião pública e escalasse Diego Cavalieri e
Fred no time titular.
Mas a grande surpresa foi Durval, 32 anos, estreando na seleção
brasileira como titular. E foi exatamente num erro de marcação do
veterano que a Argentina criou sua primeira chance, com Sebá cabeceando
livre no segundo pau e mandando para fora.
O Brasil dependia quase que completamente de Neymar. E o santista
queria mostrar serviço (no primeiro tempo). Aos 12, ele deu linda
arrancada, daquelas para fazer o gol mais bonito do ano, mas teve o
passe para Fred interceptado pela zaga. Mas quando teve a chance de
marcar um golaço, Neymar errou. Arouca fez jogada pelo meio, como
armador, e viu o companheiro livre na esquerda. O craque tentou encobrir
o goleiro, na jogada habitual de Messi, mas mandou por cima.
Já a Argentina, com os "brasileiros" Montillo, Barcos e Martínez na
frente, assustou pouco Cavalieri. Destaque para belo voleio de Martínez,
que passou à direita do gol, e para um chute de Sebá desde antes do
meio-campo. Cavalieri, adiantado, ficou torcendo para a bola ir para
fora. Seria um gol antológico.
Apesar das tentativas de golaços, o jogo era ruim. Mas os técnicos
não pareciam pensar assim, tanto que não mudaram seus times no
intervalo. A primeira mexida foi só aos 16, com Carlinhos no lugar de
Fábio Santos. Depois, Jean entrou no lugar de Arouca.
O volante do Fluminense, em sua primeira chance na seleção, ficou
apenas cinco minutos na posição de origem. O mesmo jogador que comemorou
o título do Brasileirão celebrando a chance de atuar no meio e não mais
na lateral, como era no São Paulo, logo foi deslocado para a direita,
porque Lucas Marques saiu para entrar Bernard.
O jogo seguia sem graça nenhuma até que Jean desarmou Martínez pouco
antes da grande área, mas o árbitro viu uma falta inexiste e, pior,
dentro da área. Pênalti que Scocco bateu muitíssimo bem, sem chances
para Cavalieri, no ângulo direito.
Sorte do árbitro chileno Enrique Osses e de Jean que o Brasil achou
um gol logo depois. Jean tentou da entrada da área e pegou muito mal na
bola. Ela foi em direção a Fred, na pequena área. O centroavante também
não acertou do jeito que queria, mas a bola acabou indo para o fundo do
gol argentino.
No último minuto, porém, a Argentina marcou o segundo. Montillo fez
jogada individual pelo meio, foi travado, mas conseguiu tocar para
Scocco, livre, definir a vitória no tempo normal.
Nos pênaltis, Cavalieri começou pegando a batida ruim do corintiano
Martínez. Montillo, que havia vazado o goleiro no sábado, de pênalti, no
Brasileirão, quis mudar o canto e bateu por cima do gol. Jogadores do
Flu, Thiago Neves e Jean marcaram, mas Carlinhos bateu mal e permitiu a
defesa de Órion.
Não deu para Cavalieri diante de Sebá e Scocco, que bateram no
ângulo. Com tranquilidade, Fred fez o dele e jogou pressão sobre Orión,
próximo argentino a cobrar. Mas o goleiro do Boca bateu com perfeição,
com força, no ângulo esquerdo, mais uma vez sem chances de defesa.
Aí veio Neymar. Uma semana depois de errar um pênalti no amistoso
contra a Colômbia, o jogador santista deslocou Orión, bateu no canto
direito baixo, e definiu a vitória.
FICHA TÉCNICA:
ARGENTINA 2 X 1 BRASIL
ARGENTINA - Orión; Lisandro López, Sebá, Desábato e Peruzzi; Cerro
(Ahumada), Guiñazu, Vangioni e Montillo; Barcos (Scocco) e Martínez.
Técnico - Alejandro Sabella.
BRASIL - Diego Cavalieri; Lucas Marques (Bernard), Réver, Durval e
Fábio Santos (Carlinhos); Ralf, Paulinho, Arouca (Jean) e Thiago Neves;
Neymar e Fred. Técnico - Mano Menezes.
GOL - Scocco, de pênalti, aos 36, e aos 45, e Fred, aos 38, minutos do segundo tempo.
PÊNALTIS - Thiago Neves, Jean, Fred e Neymar, para o Brasil, e Sebá, Scocco e Orión, para a Argentina.
ÁRBITRO - Enrique Ossés (Chile).
CARTÕES AMARELOS - Guinãzu, Fred e Réver.
RENDA E PÚBLICO - Não disponíveis.
LOCAL - Estádio de La Bombonera, em Buenos Aires.
Fonte: yahoo esporte