terça-feira, 13 de novembro de 2012

Banda Filarmônica da comunidade quilombola de Santo Isidoro de Berilo apresentou-se pela Semana UEMG


“Canta teu povo a tua aldeia e serás universal”
Comunidade Quilombola de Santo Isidoro se apresenta na Praça Santa Tereza




Construir formas educacionais diferenciadas, promover o encontro e o diálogo entre culturas são alguns dilemas encontrados por educadores. Cada povo tem sua característica própria que lhe distingue no meio de tantos outros. Preservar a identidade e interagir com outras comunidades na sociedade contemporânea é uma maneira de integrar processos de formação.

A Comunidade Quilombola de Santo Isidoro, município de Berilo/MG, cidade localizada no Vale do Jequitinhonha, é um exemplo de como alguns costumes foram preservados ao longo do tempo e que essa preservação cultural não é apenas na escola, mas na família e em toda a comunidade.

A Comunidade não foi fundada por desbravadores, colonizadores ou por meio de doações de terras. Ao contrário, inicialmente, o local foi o lugar de proteção que os escravos buscavam para fugir das péssimas condições de trabalho às quais eram submetidos. Posteriormente, em meados de 1951, o professor Adão Teixeira e alguns amigos decidiram por fazer o seu local de moradia às margens do Córrego do Povo.

Em 2005, a Fundação Palmares reconheceu o local como um espaço remanescente de quilombos, por possuir características e alguns monumentos, que resistiram à ação do tempo e comprovam a origem. “Para todos da Comunidade é um motivo de muito orgulho saber de nossas origens, do nosso passado. Acredito que isso representou um avanço para nosso povo”, diz o morador de Santo Isidoro, Marcelo Martins dos Santos.

“Em nossa Comunidade, tudo é de forma conjunta. A educação de lá é formada por uma força muito grande desde os ensinamentos dos pais. Depois, quando chegam à escola, nós trabalhamos os valores de nossas origens e buscamos preservar as nossas raízes. Mas, tudo isso é completado com a integração que todos têm dentro de nossa sociedade”, relata a professora da Escola Estadual Santo Isidoro, Maria Helena de Oliveira e Souza.

Na Comunidade, a Banda Filarmônica de Santo Isidoro é uma proposta de atividade em conjunto com a escola. “A Banda é quando eles praticam aquilo que foi ensinado na escola, em termos de valores, e a escola é onde eles aplicam o que aprendem na Banda, em termos de disciplina, do companheirismo e do comportamento”, destaca a professora Maria Helena.

“É preciso tocar o coração do aluno e ajudá-los a escolher onde querem chegar com a música”, revela o Maestro Idelfonso Alves dos Reis, que atende alunos a partir dos 13 anos de idade e os acompanha até o término do ensino médio.

Em Belo Horizonte, a Banda entrou em contato com a Orquestra Jovem de Violões, da Escola Estadual Governador Milton Campos (Estadual Central) e com o Grupo de Flauta Doce, da Escola de Música da UEMG.

Tolstói disse certa vez “canta teu povo a tua aldeia e serás universal”. A Comunidade de Santo Isidoro cantou as próprias origens, as próprias raízes com lirismo e com diálogo, sem enfrentamentos ou radicalismos.

O encontro dessa diversidade cultural que existe no estado de Minas Gerais proporcionou uma integração entre a Universidade, por meio dos pilares do ensino, da pesquisa e da extensão, da Escola Básica e das comunidades. Cada qual trazendo consigo suas peculiaridades e o desejo de troca de vivências.

O que ficou de experiência, além da proposta de se pensar novas formas educacionais, é que é necessário olhar para trás preservar e resgatar a história para que se possa ter um futuro. 

Por Nélio Barbosa
Agência INOVA – UEMG Frutal
SEMANA UEMG

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